sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Entrevista candidato

Clipping Licenciado em Matemática, Carlos Roberto Datovo, de 57 anos, é professor do Estado há 23 anos. Natural de Guaianases, bairro de São Paulo, mora em Poá há muitos anos. É casado e possui dois filhos.


Carlos Datovo já fazia discussões políticas ainda na sua juventude e começou a sua militância político-partidária em 1997. Era simpatizante do PT desde a sua fundação e foi convidado para se filiar ao partido.
Saiu candidato ao cargo de vereador pelo PT em 2000, mas não conseguiu a eleição. Desmembrou-se do PT em 2005 e no ano seguinte fundou o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), em Poá.
Ainda em 2006 se candidatou a deputado estadual e, embora não tenha sido eleito, continuou incentivado na vida política. Hoje busca a eleição ao cargo de prefeito da cidade, tendo como vice o funcionário público conhecido como Guarda Cláudio.

Jornal Novo Milênio: Como o senhor entrou na política?
Carlos Datovo: Eu tenho muitos anos na política. Milito em partido político desde 1997, mas, na minha juventude eu já fazia discussões políticas. Eu era simpatizante do PT desde sua fundação. Fui acompanhando a política e depois fui convidado a ir para o PT e fiquei lá até 2005. Então começamos a se envolver um pouco mais com as questões políticas, mais diretamente. Comecei perceber algumas coisas que precisavam ser mudadas e o envolvimento foi indo por esse caminho.

JNM: O que Poá tem de pior?
Datovo: Na minha visão, tem muitas coisas, não é só uma. Por exemplo, a questão da classe política, que é muito problemática na cidade, por conta desses acertos e muitas mudanças que se fazem nas campanhas eleitorais. Mas, diretamente ligada à população é a questão da saúde e da educação, que hoje são problemas muitos sérios que nós conseguimos enxergar na cidade.

JNM: Como o senhor planeja melhorar isso?
Datovo: A questão da saúde, por exemplo, nós temos um projeto. Tem até o plano de governo aqui, que passamos, inclusive, para todos os jornais, via e-mail, para toda a imprensa da região. Nós temos colocado aqui, na questão da saúde, a melhoria da qualidade de atendimento nos postos de saúde, com a ampliação do quadro de médicos, tanto na parte de especialistas como na parte de clínico geral, aumentando as especialidades, porque hoje a cidade está desprovida de médicos. Nós temos dois cardiologistas, um urologista e um otorrino para cento e dez mil habitantes. Isso prejudica bastante o atendimento. A nossa proposta é de ampliar isso, para poder trabalhar na questão da medicina preventiva. Vamos procurar fazer mutirões para poder melhorar a questão da medicina. Na área da educação, defendemos um número reduzido de alunos na sala de aula. Sou professor há 23 anos no Estado e defendo isso nas escolas. Nós temos em nosso projeto vinte e cinco alunos por sala de aula. Também ampliando o quadro de professores, colocando filosofia, sociologia e psicologia na educação de primeira a quarta série, para poder dar uma formação diferente para essas crianças. E o projeto de colocar todas as escolas de primeira a quarta no período integral. Mas com atuação mesmo, não é simplesmente colocar e deixar a criança o dia todo na escola simplesmente por ficar. Será com acompanhamento, tanto nessas áreas como em outras atividades também

JNM: Como será seu Plano de Governo?
Datovo: Nosso plano de governo dará prioridade a todas as áreas. Segurança, saúde, educação, cultura, lazer e esporte. Nós temos aqui tudo marcado e programado. Na área da cultura nós temos vários projetos, como incentivo aos jovens que são escritores, por exemplo. Sabemos que tem alguns que escrevem livros, outros escrevem poesias e poemas, entre outras coisas. Vamos incentivar, com a prefeitura trabalhando junto, com cursos, festivais, músicas, danças e outras atividades relacionadas à área da cultura. Na questão das festas, por exemplo, que também faz parte da nossa cultura, vamos criar outras festas, coisas do nosso país mesmo. Por exemplo, nós tivemos aqui uma festa nordestina, que foi uma festa relâmpago. Queremos resgatar tudo isso, resgatar, por exemplo, a festa junina, mas com os padrões antigos, porque se nós fizermos uma festa junina, queremos resgatar o caipira antigo, aquela raiz mesmo da festa. Queremos fazer com que isso apareça para a sociedade. Muitos jovens hoje não conhecem aquela cultura que nos tínhamos antigamente, a própria cultura nordestina, que também é importante, eu gosto muito. Tem muita coisa para nós aprendermos com a cultura nordestina. Não só os nordestinos, pois há também os outros Estados. Na área do esporte nós vamos incentivar todas as modalidades esportivas, porque dá para fazermos isso. Vamos criar na cidade, nos locais possíveis, mini-ginásios poliesportivos e colocar neles profissionais de educação física, profissionais de suporte para esses professores e orientadores para poder orientar e encaminhar os jovens que freqüentarão esses lugares, de acordo com a tendência dos jovens para basquete ou vôlei. Não é simplesmente abrir, como temos alguns. Na Vila Monteiro mesmo, tem uma praça grande, bonita, fica lá, aberta, mas sem orientação, e os jovens ficam lá o dia todo, perdidos. Nós temos até algumas informações não agradáveis daquele espaço e queremos acabar com isso. A prefeitura vai, junto com a comunidade, organizar essa questão na área do esporte. Estaremos organizando todos os tipos de esportes. Na questão da segurança vamos buscar recursos em São Paulo para melhorar a nossa segurança na cidade. Depois das oito horas da noite você dificilmente vê uma viatura circulando, e quando vê, ela está circulando aqui no centro da cidade. Nós queremos ver viaturas circulando em toda cidade. Tem condições de fazer isso, é uma questão do Estado e estaremos nos empenhando bastante para buscarmos recursos. Juntamente com a Guarda Municipal, que hoje está instituída, daremos suporte para poder melhorar a segurança. Vamos instalar uma base policial em Calmon Viana, no Kemel e em alguns outros bairros que estão bem distantes do centro, que forem necessários.
JNM: Qual candidato pode ser considerado um forte adversário do senhor?
Datovo: O que eu tenho percebido é que tem um candidato que está falando que é o melhor de todos. Eu não estou falando que sou o melhor de todos, estou falando que sou uma alternativa e uma proposta de mudança, na verdade. Já me perguntaram isso algumas vezes e eu analiso que todos nós aqui temos chance. Somos seis candidatos e cada um deles tem 16% ou quase 17% de chance. Se você pegar 100% e dividir pelos seis candidatos, verá que todos nós temos a mesma chance. Agora, se pensarmos em poder econômico, aí é outra história. Na questão política eu não tenho um adversário forte ou que seja muito mais forte do que eu ou qualquer outro. Nós respeitamos todos eles, mas não temos definido se o candidato A ou candidato B é mais forte do que eu. Eu vejo pela igualdade, todos nós temos a mesma oportunidade e a mesma chance. A única diferença nossa é a questão financeira. Enquanto um candidato gasta um valor absurdo por dia só de gasolina, nós vamos gastar menos na nossa campanha toda. Por aí você imagina.

JNM: Como está sendo sua campanha nas ruas?
Datovo: Nós estamos indo nas ruas, conversando com as pessoas e fomos bem recebidos por 95% da população. Não conseguimos conversar com todo mundo, porque muitas casas estão fechadas e as pessoas estão trabalhando, mas muitos daqueles que nos recebem têm se manifestado por vontade de mudança. Não tivemos problemas com relação a conversar com as pessoas, nós estamos sendo bem recebidos nas casas que estamos indo e nas ruas conversando com as pessoas. Para nós está sendo bom. Eu acho que está muito legal.

JNM: Como está sua rejeição no município?
Datovo: Não tenho nada, nós não fizemos pesquisa e nem vamos fazer também, porque não temos recursos pra isso. Eu não tomei conhecimento de nenhuma pesquisa que foi feita aí com o meu nome. Essa informação eu não tenho. Já andaram fazendo algumas pesquisas, mas os jornais mesmo não publicaram nada ainda, porque talvez não tenham sido registradas para nós podermos analisar e ver isso aí. No nosso dia a dia, conversando com as pessoas, nós não temos percebido esse tipo de rejeição, o que nós percebemos é uma ou outra pessoa descontente com a questão política que vive hoje não só no município como no País. Geralmente as pessoas são abertas para conversas. Quanto à pesquisa eu não tenho esses dados para passar.

JNM: O que o senhor já trouxe de benefícios para Poá?
Datovo: Se meu trabalho como profissional de educação dentro da cidade é um benefício, então é isso que eu tenho trazido. Mostrado seriedade no meu trabalho, na sala de aula, tentado realmente formar o meu aluno, não só na área de matemática, mas também na área de cidadão. Eu posso considerar que isso é um benefício, porque estou há 20 anos só atuando dentro da cidade de Poá. Todo esse tempo dentro da sala de aula, nunca fora da sala de aula, ali em contato direto mesmo com o aluno. Eu acho que isso já é um grande benefício. Não fazer benefícios como muitos fazem por aí, com assistencialismo, que eu acho que isso não é legal, porque quem tem que fazer esse tipo de trabalho é a prefeitura e não os vereadores. Se isso eles consideram benefício, eu não considero. Esse trabalho é bem mais complexo, mas amplo, porque tem muitas pessoas que precisam e não são atendidas, só são atendidas aquelas que são próximas dessas pessoas, que são indicadas. Se não têm indicação, não são atendidas. Então eu vejo assim: qual o benefício que eu trouxe pra cá? A minha atuação como profissional dentro da sala de aula, tentando formar não só meu aluno na área de matemática, mas também como cidadão.

JNM: Se eleito, o senhor vai ser um prefeito para o povo ou do povo?
Datovo: Eu penso o seguinte: nós vamos ser um prefeito do povo, porque o partido é formado por pessoas do povo e todos nós somos trabalhadores. Pelo menos é o que nós estamos levando para as pessoas. Nós temos três companheiros aqui que são funcionários, inclusive, da Guarda Patrimonial do município. Pessoas desse nível estão fazendo parte do nosso partido. Temos aqui uma jornalista que trabalha na Gazeta Mercantil, em São Paulo, e está conosco. São trabalhadores, operários. Todo mundo que vive de salário é operário, então nosso trabalho vai ser realmente com o povo. Nada de “eu vou fazer para o povo”. Nós fizemos aqui nosso plano, mas tudo isso vai ser colocado para apreciação da população. Vamos organizar a sociedade indo para os bairros, através, não só da Sociedade Amigos de Bairro, mas também do cidadão comum que não pertence à sociedade de bairro. Hoje a Sociedade Amigos de Bairros está muito nas mãos de pessoas da classe política, que às vezes estão ali só para se beneficiarem do cargo. Vamos organizar essas pessoas nos bairros, dividir esses bairros e dessas divisões tirar pessoas representantes daquele grupo de moradores, para junto com a prefeitura fazer o governo de portas abertas e não de portas fechadas. Quatro vezes eu tentei falar com o prefeito e não consegui. Me ‘jogaram’ para falar com o secretário e nem o secretário me atendeu lá.


Fonte: Jornal Novo Milênio

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