segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Histórico de bandeiras esquecidas

Tiago Pariz
www.correiobraziliense.com.br

Políticos que ajudaram a construir o PT afirmam que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial de 2002 foi nefasta para o partido. A tese é de Plínio de Arruda Sampaio, o segundo deputado constituinte mais votado da legenda em 1986, atrás apenas de Lula (veja linha do tempo). Sampaio considera que as alianças com siglas de centro-direita para manter o governo acabaram por puir bandeiras históricas da legenda. Autor do primeiro estatuto do PT em 1980, o ex-deputado desfiliou-se em 2005 e buscou novos ares no PSol. Disputou o governo de São Paulo no ano seguinte e recebeu 2,5% dos votos, mais do que o PDT e dois pontos a menos do que o ex-governador Orestes Quércia (PMDB).

Para Sampaio, o PT deveria ter adiado o projeto de poder para chegar à vitória com apoio só de partidos de esquerda. “A direita é hegemônica e, enquanto não for derrotada, será necessário o seu apoio para eleger-se e para governar. Disse isso ao Lula em 1998 e sugeri a ele que organizasse uma campanha para derrotar a direita, ainda que isso demandasse mais esforço e mais tempo. Não aceitou a proposta. Preferiu compor e, por isso, não consegue governar: fica no cargo, mas faz o que a direita quer”, critica Sampaio.

O ex-petista vê hoje a legenda bem distante do “revolucionário” que foi idealizado em 1980. “Hoje, é um partido da ordem estabelecida”, afirma. E vai além. Para ele, a eleição de 2002 não pode ser comemorada. “Não considero que a eleição de 2002 tenha sido uma vitória, porque foi construída com o abandono do programa histórico do partido. Lula ganhou o cargo, mas não levou o comando. Está como aquele cavaleiro que está em cima da sela mas não detém as rédeas. Pior até do que os escândalos foi o abandono da sua proposta socialista”, alfinetou.

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